domingo, 26 de janeiro de 2014

Para o coração não há distância

Ok, ok, o título deste post pode parecer um pouco piegas, mas não posso evitar! Quero falar aqui sobre algo que tenho defendido faz tempo e que minha experiência da última sexta-feira demonstrou ser uma realidade gritante: na Educação a Distância há afetividade sim!

Na última sexta tive a felicidade de participar de uma bela cerimônia de formatura na cidade de Jales, interior de São Paulo. Foi a única turma de formação de professores de espanhol na modalidade Educação a Distância que conseguimos abrir naquele polo, pois as regras mudaram e hoje só abrimos turmas no estado do Rio Grande do Sul. Uma pena! O polo e a "turminha estudiosa" foram fonte de muitas alegrias para os professores do curso. Gente estudiosa mesmo, batalhadora, com lindas histórias de vida.

Ao longo de minha trajetória na UFSM já participei de algumas boas cerimônias de formatura. São sempre emocionantes! Mexe com a gente ver aquelas pessoas com quem compartilhamos parte de nossa vida por quatro anos tornando-se professores como nós. Tenho um orgulho enorme de chamá-los de colegas!

Um dos grandes diferenciais nesta formatura foi a distância. Já tinha ido algumas vezes ao polo. Cheguei a levar dezenove horas de viagem nos piores dias: longas esperas em aeroportos, ônibus pinga-pinga, temporal na estrada e por aí vai - ou foi. Nada, porém, ao longo desses anos, foi capaz de quebrar meu ânimo. O importante sempre foi estar lá e ver como era estimulante para os alunos esse contato, essa atenção. Fui o primeiro professor do curso a visitá-los e recebi com enorme alegria o convite para ser seu patrono.

Desta vez, conseguimos ir, um grupo muito animado e divertido de professores, de avião desde Santa Maria até São José do Rio Preto, onde nos buscou o pessoal da prefeitura de Jales e nossa competentíssima tutora presencial. A viagem foi bem mais leve! Muito diferente das vezes em que fui sozinho!

Durante a cerimônia, ouvimos o belíssimo discurso do orador da turma, já professor de inglês e agora também de espanhol. Ele inovou e nos emocionou quando pediu licença aos presentes e terminou seu discurso em espanhol, dirigindo-se diretamente para nós, seus professores. Emocionado também foi o discurso da tutora presencial, sua paraninfa, assim como o de nossa coordenadora, que encerrou a cerimônia lembrando que a cidade de Santa Maria é chamada de "o coração do Rio Grande" e que agora, Jales tem um pedacinho deste coração. Foi muito inspirador!

Eu engoli em seco, entretanto, quando terminada a cerimônia uma de nossas ex-alunas-agora-colega fez um pequeno discurso de improviso antes de cantar duas canções muito significativas para o momento. Aliás, não sabia que a menina tinha esse talento. E que talento! Disse-nos ela algo assim: "Professores, estamos muito felizes com sua vinda aqui! É verdade que Jales hoje tem um pouco do Rio Grande do Sul no seu coração. Esperamos que o Rio Grande também leve em seu coração um pouco de nós. Um pouco de Jales. Nossos corações agora são um só!"

Pois é... e tem gente que diz que na EaD não há afetividade. Bobagem! O carinho que experimentamos no polo e na formatura não foi algo de momento. Foi algo que construímos ao longo de quatro anos. Algumas das professoras que participaram da cerimônia estavam ali pela primeira vez e foi como se houvessem estado sempre. O carinho dos alunos e a recíproca foram completamente verdadeiros. Não houve sorrisos falsos nem abraços frios. O que houve foi gente confraternizando com gente. Professores universitários e professores recém formados em comunhão. Uma comunhão que muitas vezes não acontece nem no presencial.

Eu não tenho mais dúvidas: EaD rima com afeto. Para o coração não há distância.