Francamente, tenho minhas dúvidas com relação a este processo tecnológico de imortalização. Sermos imortalizados pela memória das pessoas que nos amaram em vida e pelos bons exemplos que podemos deixar é uma coisa. Viver para sempre numa placa de silício é uma perspectiva arrepiante para mim. Talvez no futuro as pessoas não pensem assim. Seja como for, acho que o sentimento de finitude é parte do que nos faz humanos.
Por outro lado, não podemos negar que já somos um pouco ciborgues. Chislenko, um importante teórico russo falecido no início do século XXI, por exemplo, desenvolve uma interessante reflexão com base em dez questões sobre nossa relação com o mundo que nos rodeia: a nossa dependência de artefatos externos (roupas, inclusive), a forma como recebemos informações etc. Ao final, ele afirma: “Se você respondeu 'sim' para a maioria destas questões, por favor, aceite meus cumprimentos (e/ou condolências): você já é um ciborgue!” Haraway segue linha semelhante, afirmando que ciborgue é “o humano entendido como um ser que habita redes (...) que se percebe profundamente conectado às outras pessoas, aos objetos e ao ambiente em que vive”.
Isso é ruim? Não necessariamente. Se ser ciborgue significa que cegos vão ter próteses que lhes permitirão ver ou que vamos conseguir criar, de fato, uma comunidade universal que promoverá mais entendimento e respeito mútuo por meio da interação nas redes de computadores, como quer Lévy, talvez valha a pena... ciborguização: use com moderação!
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