segunda-feira, 7 de setembro de 2015

De cumple

Uma criançada faceira em volta da mesa na casa da vó Freda. Sandro, Dudu, Regina, as primas gêmeas e mais uma meia dúzia. Garrafinhas de vidro de Coca-Cola cobertas com um tipo de invólucro de cartão com personagens da Disney. Um enorme bolo coberto de glacê branco com uma velinha azul em cima representando um único número: 3. Meu aniversário.

Por incrível que possa parecer, esse é o aniversário que eu me lembro com mais nitidez. Na verdade, não sei bem se me lembro ou se as fotos tão bem guardadas pela minha mãe e que já olhei incontáveis vezes nesses 42 anos é que me fazem recordar. Uma pitada de memória emocional misturada com muito memória imagética inventada para preencher as lacunas.

Acho que esse aniversário me marcou tanto porque depois disso nunca mais dei muita importância para isso. Sempre tive a convicção de que os anos passam e pronto,  não há muito para comemorar. Para meu pai, por exemplo, não se trata de mais um ano, mas de menos um ano de vida. Uma atitude bem fatalista, mas compartilhada por muita gente.

No 4 de setembro que passou, entretanto, me senti diferente. Dizem que gente velha fica sentimental e chorona. Talvez seja isso. Mas gostei desse meu aniversário de 2015.

Gostei de receber telefonemas da minha companheira de vida, trabalhando em outra cidade no dia, dando pistas de onde encontrar meus presentes escondidos pela casa. Fiquei feliz porque ela não esperou o sábado de manhã para voltar para casa e que, apesar do cansaço, fez questão de vir depois das suas aulas na sexta para chegar de madrugada em casa, em tempo para me dar os parabéns pessoalmente, afinal, antes de a gente dormir, mesmo que tenha passado da meia-noite, ainda vale.

Deixou-me contente a acolhida dos colegas na sexta à tarde. Passei-a inteirinha em reunião, mas os colegas se encarregaram de comprar um lanchinho e docinhos para confraternizar. Tive direito até a bolo com o logo do Batman, minha personagem preferida das histórias em quadrinhos.

Alegrou-me sair da reunião e receber os parabéns de uma aluna que já estava no fim do corredor e deu volta só para me desejar felicidade e pedir que eu continuasse sendo esse professor bacana, que, segundo alguns alunos, eu sou. Aliás, recebi homenagens lindíssimas tanto pessoalmente quanto pelas redes sociais de meus alunos de perto e de longe. Não só dos alunos, mas de tantos amigos que fiz ao longo de todos esses anos.

Valeu a conversa com minha irmã, mesmo que por telefone. A ligação do meu velho, ainda que meio ranzinza. A comemoração com a família da minha companheira, que agora é minha família também (ah, por incrível que pareça, tinha bolo do Batman também em casa!). Como me disse ela, minha companheira, foi tanta comemoração que mais pareceu uma festa cigana.

Gostei! Acho que vou acabar virando fã dos meus aniversários, não pela data em si, mas simplesmente porque é bom sentir-se querido.

Obrigado, gente! Vocês me deixaram muito feliz!

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