sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Filosofia em quadrinhos I

A partir desta postagem, decidi unir, em uma série, duas coisas de que gosto muito desde pequeno: quadrinhos e Filosofia. Ainda que existam muitos críticos a este gênero - os quadrinhos - preciso dizer que minha vida teria sido bem diferente sem eles. Para começar, foi por meio dos quadrinhos que me alfabetizei. Lembro nitidamente de meus quatro anos de idade e do deleite que sentia ao escutar, pelas vozes dos meus pais, as histórias da Disney e do Recruta Zero (personagem favorito do meu pai à época). Também tenho uma nítida memória de meu pai lendo um número do Incrível Hulk para mim, aos cinco anos de idade, e dos meus esforços para acompanhar a leitura, tentando unir aquelas mágicas e misteriosas runas para formar as tão ansiadas  palavras. Enfim... antes de entrar na escola, o que aconteceu entre os seis e sete anos de idade, eu já lia histórias em quadrinhos.

Hoje, aos trinta e nove, ainda leio. Os quadrinhos evoluíram, claro, e o meu gosto também. Não leio mais Disney (ainda que não tenha qualquer coisa contra), mas gosto muito das novelas gráficas. Confesso, porém, que ainda sou fã de super-heróis. E imagino que talvez aí esteja meu vínculo com a Filosofia. Vou tentar explicar...

Aos sete ou oito anos de idade, comecei a devorar fascículos de coleções que meus pais compravam. Primeiro, uma coleção sobre animais, e logo, sobre personagens históricos (a história de Joana D'Arc marcou profundamente minha imaginação infantil). Nesta última, as histórias de Sócrates e de Platão me chamaram a atenção poderosamente. Claro, era ainda algo muito incipiente, inquietações infantis... mas quem disse que criança não filosofa?

Minha entrada de cheio no mundo da Filosofia, entretanto, se deu quando, aos dez anos de idade, saí da pequena escola do bairro para a grande escola estadual no centro da cidade de Pelotas, o Instituto de Educação Assis Brasil. A escolinha municipal em que estudei até a quarta série não tinha biblioteca. Mas o Instituto... Eu fazia competição comigo mesmo para completar o cartão da biblioteca!

Foi nesse afã que me deparei com uma edição de bolso, um tanto grossa e gasta, de um livro que me marcaria para sempre: Assim Falava Zaratustra, do hoje pop Nietzsche (algumas traduções usam tempo verbal diferente: falou). Fiquei tão encantado com os conceitos do livro e com a figura imponente de Zaratustra que não consegui parar de ler até acabar. Daí a buscar outras obras do bigodudo alemão e, logo, de outros filósofos, do ocidente e do oriente, foi um passo.

Enfim, esse longo preâmbulo serviu apenas para justificar meus interesses. Lendo quadrinhos, aprendi muita coisa sobre física, química, sobre línguas estrangeiras, e, pasmem, sobre filosofia. O clássico personagem de Jerry Siegel e Joe Shuster, o Superman, aliás, incorporou muitos dos conceitos de Nietzsche (ainda que quem entenda de alemão afirme que übermensch tenha mais a ver com além-homem do que super-homem, conceitos consideravelmente diversos).

Para a estréia desta série, então, abro com Calvin e Haroldo. Não à toa, estes personagens no original são Calvin e Hobbes, referência explícita a dois notórios filósofos. Adequada a crianças pelas travessuras divertidas que narra, a história dos dois personagens não raro serve para expressar as inquietações filosófico-existenciais do seu autor, Bill Watterson, provocando reflexões sérias e bastante profundas. Na tira abaixo, uma indagação existencialista, ao estilo de outro ícone pop: Matrix! Para ler melhor, clica na figura!

Calvin diante da poça d'água.

Esta tira pode ser encontrada na página 34 do livro Criaturas Bizarras de outro Planeta.

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